quarta-feira, 21 de julho de 2010

CHICO BUARQUE


FRANCISCO EM CAMPO

*Um texto imperdível do nosso amigo maquiniano, que também é professor de língua portuguesa, Tutor Educacional do Colégio Móbile e autor de Português Prático (Iglu Editora). http://revistalingua.uol.com.br/obraaberta/ObraAberta57.pdf

quarta-feira, 7 de julho de 2010

FUTEBOL E RACIONALIDADE

Por CLAUDIO WEBER ABRAMO*

A irracionalidade parece ser uma característica essencial do futebol.

Dificilmente alguém discordaria da afirmação caso fosse restrita ao futebol brasileiro, em relação ao qual os exemplos são permanentes. Tudo o que envolveu a seleção brasileira nos últimos quatro anos se explica quando se introduz o elemento da insanidade.

A maluquice começou com a nomeação de um treinador cuja única notoriedade residia no fato de ser um brucutu semialfabetizado (lembram-se da cabeçada que aplicou num jogador de sua própria equipe, em plena partida, num jogo da Copa de 1998?).

Permitir-se que um membro da comissão técnica escolha pessoas para exercer funções objetivas (como olheiro e chefe da segurança, conforme se noticiou) por conta de sua obediência a uma seita religiosa só pode ser resultado de doideira.

Igualmente insano foi admitir-se que o capitão da seleção brasileira, ao qual se conferiu a responsabilidade de ler um texto contra o racismo na abertura da partida contra a Holanda, enfiasse no final uma menção religiosa, como é típico dessa gente sempre disposta a enfiar suas crendices goela abaixo de todo mundo. Não consta que a CBF ou a FIFA tivessem tomado alguma providência a respeito da pirataria cometida.

Sob o ponto de vista estritamente futebolístico, o quê, além de parafusos soltos, poderia justificar a escolha de um jogador que não apenas havia sido eleito como o pior do campeonato italiano como também é conhecido por sua propensão a agredir adversários?

Mas não é só no Brasil que essas coisas ocorrem. Os argentinos, por exemplo, não ficam atrás. Não se conhecem os detalhes mais ridículos da irracionalidade que envolve ou envolveu a seleção argentina, mas se sabe que por lá impera um tal de Grondona, o Ricardo Teixeira portenho. Foi esse o sujeito que contratou Maradona, um alucinado conhecido. Esse sujeito, após convocar mais de cem candidatos, terminou com um time desprovido de defesa, tendo sido expeditamente despachado por causa disso.

Prova adicional que o futebol é mesmo algo inexplicável é que o “comandante” argentino, embora a equipe que montou tenha sido massacrada com humilhação, tenha sido recebido pelos torcedores como herói. Vai entender.

E os franceses, então? O técnico francês escolhia jogadores com base no horóscopo. Como é que pode? Na França!

Os ingleses, por seu turno, contrataram (por 6 milhões de libras por ano) um italiano que não fala inglês. Não contentes, assinaram com o camaradinha um contrato que os amarra até 2012.

A esta altura, o eventual leitor poderá objetar, com razão, mais ou menos na seguinte linha: não é possível que o futebol seja irracional, pois em torno dele giram negócios bilionários. A Copa do Mundo é um empreendimento altamente rentável. A FIFA, a CBF, as suas congêneres argentina, francesa, inglesa etc. se enchem de grana.

É isso, precisamente, que explica a aparente irracionalidade do futebol. Para os cartolas de um país qualquer, não tem a menor importância se o time é um lixo, se o treinador é um aventureiro ou se o jogador é um moleque. Interessa o negócio. Mesmo que a seleção nacional do país X seja eliminada (com ou sem vexame), se os negócios estiverem garantidos, tudo estará numa boa.

Como se trata de entidades privadas, os dirigentes de federações e confederações só prestam contas uns aos outros. Em outras palavras, não importa o que façam com a grana – uma mão lava a outra e estão todos conversados.

Melhor ainda é morder uma bufunfa pública. Os estádios da África do Sul, um país que não joga futebol, aí estão já a mofar.

Por aqui, pode-se ter certeza de que a cartolagem nacional está olhando a grana pública com olho gordo, para a adaptação (e mesmo construção, caso se confirme o aparente contrassenso do tal de Piritubão) de estádios para a Copa de 2014. Precisarão ser vigiados de pertíssimo.

De modo que ficar discutindo se o próximo técnico da seleção brasileira será Fulano ou Beltrano não tem realmente relevância.

*Claudio Weber Abramo
Diretor executivo/Executive Director
Transparência Brasil

DUNGA E MARADONA

Os opostos se atraem


domingo, 4 de julho de 2010

O SARGENTÃO E O HIPPIE VELHO



Deu no Blog do Paulo Moreira Leite*

Brasileiros e argentinos disputaram a Copa da África com dois estilos diferentes: era o Brasil do sargentão Dunga e a Argentina de Maradona, que parece um hippie velho com seu jeito irreverente e a disposição para fazer pequenas provocações.

Sofri demais com a derrota do Brasil, uma decepção proporcional a minha ingenuidade de acreditar que aquele time poderia ir muito longe.

Mesmo que o Brasil não tivesse tombado diante da Holanda, descontrolado sob comando de um técnico que pretendia ter tanto controle sobre os craques, até sobre o que se escrevia e se dizia sobre eles, talvez não tivéssemos muito o que recordar de uma seleção tão opaca, sem gosto e sem alegria.

Mas não posso deixar de lembrar de Maradona. Todos nós conhecemos a biografia de altos e baixos de Maradona. Não vou falar sobre a droga ou coisas parecidas. Espero que tenha se recuperado para valer. Mas concordo com alguns valores que ele assumiu na Copa. Acho que eles fariam bem ao futebol e a todos nós.

Num mundo onde a competição caminha para se transformar num valor absoluto, a irreverência de Maradona nos ajuda a recordar que o sucesso não é tudo na vida. Gostava de vê-lo dar embaixadas ao lado do banco dos reservas, nos jogos iniciais da Copa. Era uma demonstração de que futebol não é apenas negócio, profissão, dinheiro — mas também é uma grande brincadeira, um prazer. Também gosto de seu jeito de elogiar os jogadores, de colocar o talento em primeiro lugar.

A reação de Dunga à derrota foi fria, auto-centrada, de quem calcula o prejuízo. Maradona foi solidário.

Abraçou os jogadores, como se fosse chorar com eles. Passei o dia ouvindo crítica a Argentina e aos argentinos. Mas até uma balconista que passou os 90 minutos de Argentina e Alemanha falando mal de Maradona, de Messi, de Di Maria, e de outros que não sei o nome, foi obrigada a admitir, quando a TV exibiu as imagens de Maradona e o grupo de derrotados retirando-se do estádio:

–O Maradona abraçou os jogadores. O Dunga não fez isso.

Ambos foram derrotados e é possivel imaginar que os dois tenham sido equivalentes em seus defeitos. Mas tenho a impressão de que o hippie velho deixou mais histórias para contar.

*Jornalista desde os 17 anos, foi diretor de redação de ÉPOCA e do Diário de S. Paulo. Foi redator chefe da Veja, correspondente em Paris e em Washington.http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/category/geral/

A EUROCOPA NA ÁFRICA DO SUL


Em apenas 48 horas, a que era chamada de “Copa Mercosul”, virou “Copa Europa”.

São coisas do futebol.

E da Copa “África do Sul 2010”