segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A FACE DA DESORDEM

POBREZA E ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA
EM UMA CIDADE DE FRONTEIRA
(FOZ DO IGUAÇU/ 1964-1992)

Luiz Eduardo Catta*

A cidade de Foz do Iguaçu, localizada no extremo oeste
do Estado do Paraná, experimentou um rápido processo
de transformações entre os anos 1964, quando se
instaurou o regime militar no país, e 1992, momento este
em que as últimas comportas da maior usina hidrelétrica
do mundo entrou em funcionamento.
Buscando inserir aquela longínqua área ao território
nacional, bem como exercer absoluto controle sobre a
chamada “tríplice fronteira” (Brasil, Paraguai e
Argentina), os governos militares impuseram uma série
de projetos de modernidade, destacando-se a
construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a abertura e
fomento de um intenso comércio de fronteira com o
Paraguai e o apoio ao desenvolvimento do turismo.
Tais projetos causaram impactos profundos no
município, principalmente na área urbana que foi
remodelada segundo perspectivas eminentemente
técnicas, desconsiderando a população que lá vivia, bem
como atraiu milhares de pessoas que pensavam ali
encontrar emprego e melhor qualidade de vida. Este
trabalho busca mostrar a desordem instaurada em Foz do
Iguaçu, sobretudo a emergência de uma significativa
população pobre, que ocupará os espaços centrais da
cidade, adotando inúmeras estratégias para conseguir
sobreviver, ao mesmo tempo em que se apresentava como
“classe perigosa” para as camadas dominantes locais.

*Luiz Eduardo Catta:
Formado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor
em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e
Mestre em História do Brasil pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC).
Professor Adjunto de História do Brasil na Universidade Estadual do
Oeste do Paraná (UNIOESTE), leciona nos cursos de graduação e
pós-graduação no campus de Foz do Iguaçu, Paraná. Desenvolve
pesquisas na área de História Social, com destaque para as
populações de fronteira. Também aborda em seus trabalhos
questões relacionadas à cultura no Brasil e na América Latina.
É autor do livro “O Cotidiano de uma Fronteira: a perversidade da
modernidade” (Edunioeste, 2003).

Outrora medio-volante da Máquina, nas horas vagas, hoje, é maratonista e futebolista de fim de semana.

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