terça-feira, 17 de setembro de 2013

RAPAZIADA, FESTEJEMOS A REAPERTURA DO RIVIERA


Jorge González
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Depois de uma boa partida de futebol, mesmo sendo adversários (eu na Escola de comunicações e Artes e os meus amigos na faculdade de  Historia) nos torneios da USP, a primeira “estação” era o Rei das Batidas até uma hora prudente para suportar os ronquidos do estomago, o alerta eficaz que nos indicava a hora de partir rumo à Consolação e matar a fome no Bar das P...

Catolé, Paulé, Peninha, Zuza eram os habituais da delegação e, antes mesmo do frango à brasa ou a costela, também ao carvão, previamente acompanhada da salada de repolho com pãozinho francês, vinha a rodada de staneigger ou da boa cachaça. E dele cerveja.

Lá pelas 10 da noite, ou mais, íamos caminhando até a esquina da Paulista com o inicio da Rebouças e o fim da Consolação. O Riviera, nosso refugio. Lá, quase sempre havia umas moças amigas da universidade nos esperando, carregando panfletos mimeografados, preparadas para discutir a forma da distribuição dos mesmos, no dia seguinte.

Era mais difícil que a repressão revistasse as moças; aliás, a conversa tinha de ser em tom baixo (difícil para o Peninha), pois qualquer pessoa desconhecida (o que era pouco habitual no lugar) poderia ser um “dedo-duro”. Mas estávamos preparados, pois ante as dificuldades, o único que devíamos disser era “sou um liberal e quero as liberdades democráticas”, porque para os “home” todo cabeludo que anda de chinelo, bolsa e camiseta ou era maconheiro ou era “comunista”.

Pra mim, era mais fácil a questão de horário, pois morava na José Eusébio, junto ao Cemitério da Consolação; sinceramente, não lembro onde o Catolé, Paulé e Zuza (e muito menos o Ênio que às vezes nos acompanhava) moravam, pois o Peninha, vez e outra, tinha que correr para pegar o último ônibus rumo aos Remédios, previa pendura da conta. Como todos nós. Eram épocas de dureza, mas de muita batalha.
Isto não seria importante, sequer pra nós, se não tivesse acontecido, ao menos, duas ou três vezes por semana, durante os anos 75,76.

Pois é, quantas e boas lembranças, para festejar a reabertura do Riviera, o recanto da nossa boemia em São Paulo, que acontecerá ainda neste mês de setembro.

http://folha.com/no1341538

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