sexta-feira, 23 de abril de 2010

QUANDO A GENEROSIDADE FAZ PERDER O JOGO E A FOME


Por Zé Lins
Da equipe de articulistas do Blog da Máquina


SÁBADO, 17 DE ABRIL DE 2010, CIA PAULISTA DE SOCIETY

É sempre bom registrar atos altruístas, de puro desprendimento, sobretudo no futebol de hoje, onde o mais importante é vencer a qualquer custo. Gestos de gentileza são uma qualidade indelével do nosso "gentleman das quadras", Marcão ou venerável Pe. Marcos, apelido carinhoso dado por sua legião de fiéis.

No último sábado, tivemos mais um belo exemplo de generosidade e educação esportiva. Na escolha dos times, Marcão, como sempre, preferiu se sacrificar e permitiu que o adversário ficasse com o elenco mais ágil e, aparentemente, melhor preparado no aspecto físico. Como não bastasse tal cortesia, deixou que o adversário contasse ainda, a seu favor, com os dois juízes oficiais da MV.

O time de colete amarelo era formado com o Gato, no gol; Paulinho e Marcão, na linha de defesa, apoiada pelo Mineirinho, que de vez em quando dá o ar da graça e vem jogar; João
(filho do Nilsão) que fazia o meio de campo; e a dupla Santos e Bio, no comando do ataque.

De uniforme vermelho, estavam Kid, substituindo Amauri, o goleiro aniversariante; Jaime, Ricardinho (também juiz ), Lugão (também juiz ), Gabriel, Nilsinho e Magrão.

A princípio, com essas configurações podia-se antever uma tarefa fácil para os vermelhos, até uma possível goleada. Dentro da quadra, com o desenrolar do jogo, as previsões iniciais foram lentamente sendo desmentidas e só a duras penas o time vermelho conseguiu um empate sofrido, em 2 a 2, com um gol de cabeça do Jaime, ao final da partida.

Até aí - imaginavam os vermelhos-, a surpresa do placar e do futebol que se viu em quadra, era fruto apenas de um cochilo, um pequeno tropeço, com chances remotas de se repetir na segunda partida, principalmente em vista das mudanças realizadas nas equipes. Com efeito, na equipe vermelha, saiu o Magrão e entrou o Marcos Mercosul, a pleno fôlego, pois ainda não havia jogado. Na amarela, saíram Santos e Bio, para a entrada do Magrão e do semi-ressuscitado Zé Lins. Para complicar um pouco mais, Magrão foi para o gol e Gato para o ataque, como ponta avançado, isto é, aquele que vai e fica por lá mesmo.

Embora o desastre parecesse iminente, o sábado era realmente amarelo. Magrão esteve naqueles dias em que fica possuído e fechou o gol. Provocando o adversário, repetia, freneticamente, o seu bordão favorito, nessa situação: "chuta mais, chuta mais forte, seus ..., que eu quero sofrer pelo menos um gol". Quanto mais chutavam, mais defendia e mais gozações o ataque adversário teve de agüentar. Magrão, ou a entidade que o incorporou, contou sem dúvida alguma com a atuação impecável da dupla de defesa, Paulinho e Marcão, e com o imprescindível combate do Mineirinho Fominha, na frente da zaga, cujo fôlego invejável lhe permitia também se aventurar no ataque. Contrariando as atuações anteriores, João Pedro conseguiu manter bom rendimento na segunda partida, o que contribuiu bastante para infernizar a defesa inimiga e ampliar o placar.

A partida até que começou equilibrada, mas após o primeiro gol do time amarelo, a porteira se abriu e o massacre foi uma mera questão de tempo. Dos gols assinalados, merece comentário, à parte, este primeiro. Não pelo gol em si, mas pelo efeito visual da cena que o precedeu. Tudo começou com um belo lançamento do Paulinho, de seu campo de defesa, para o Zé Lins que se deslocava por detrás da linha de defesa adversária e era marcado pelo Nilsinho. O lançamento pelo alto foi preciso e surpreendeu o Nilsinho que, ao perceber que não daria para interceptar a bola de cabeça, deu um passo para trás, depois outro e já no terceiro tropeçou no famoso Trópico de Capricórnio, causador de tantos infortúnios a alguns jogadores da MV e que, teimosamente, insiste em passar pelos limites da quadra. Nilsinho desprendeu-se do solo, executou um mortal para trás e chocou-se de cabeça com o piso. Como o atacante do time amarelo nada teve a ver com esse pequeno desentendimento, matou a bola com carinho e na saída do Kid tocou para o fundo das redes. Daí em diante, foi só alegria. Dois , três, quatro, cinco e seis, só não foi mais porque já passava do meio-dia e tivemos que sair da quadra. É preciso também destacar a atuação do Gato, artilheiro da rodada, com três gols marcados e elemento surpresa do time amarelo.

Ao analisar a partida, Ricardinho foi lacônico e atribuiu o fracasso ao esquema tático do time de vermelho. Ficou tão injuriado que nem participou do churrasco em comemoração ao aniversário do Amauri, só para não ouvir as gozações.

O placar de 6x0, elástico, incontestável e histórico, refletiu a supremacia do time de amarelo dentro de campo e retribuiu, em dobro, o ato de generosidade do Pe. Marcos. Afinal, ganhar do Ricardinho nessas condições, é muito divertido.

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